Barbie, entre progressistas e tradicionalistas.

Recentemente, o filme "Barbie" foi adicionado ao catálogo da Netflix e vem gerando muitos comentários novamente. O filme foi lançado em julho de 2023 e divide opiniões desde seu lançamento.
O filme trata sobre a boneca mais famosa do mundo, a Barbie, e podemos acompanhar o cotidiano de todas as bonecas e suas variantes vivendo em harmonia, onde não havia preocupações. O toque de humor do filme ocorre pelo fato de como tudo acontece do mesmo modo que acontecem em nossas brincadeiras no mundo real, ou seja, as festas são intermináveis, os dias são completamente perfeitos, as "Barbies" são automaticamente levadas de um lugar para outro, elas acordam perfeitas e não precisam comer, escovar os dentes ou tomar banho para isso.
As coisas começam a sair do cotidiano quando a Barbie Estereotipada começa a ter pensamentos humanos, como a morte, e questiona tudo o que acontece na Barbie Land. Esses pensamentos trouxeram várias mudanças e isso fez com que a Barbie fosse parar no mundo real.
A polêmica que gira em torno do filme consiste em uma divergência muito grande de opiniões. A única coisa que os produtores deixaram bem claro através do processo de divulgação do filme, mesmo antes do lançamento, era que "Barbie" foi feito por mulheres, para mulheres e sobre mulheres. Com isso já esclarecido, temos os dois grupos de telespectadores: os progressistas e os tradicionalistas.
O primeiro grupo concorda com o modo como a Barbie foi representada, visando que ela foi um movimento que alavancou os direitos das mulheres a serem criados. O que, na verdade, é um fato. A Barbie foi criada em 1959, uma época em que as mulheres tinham poucos ou nenhum direito e não eram ouvidas. Mesmo nessa época, a Barbie veio como uma supermulher, tendo vários empregos e sendo um ser individual de um homem (O que no momento, era inimaginável para muitas mulheres). Ela foi e é uma inspiração para muitas meninas do que uma mulher deve ser: um equilíbrio perfeito. Poderosa e humilde. Inteligente e bonita. Feminista e feminina. Além disso, abrangeu um grande grupo de minorias como asiáticos, negros, cadeirantes, cegos, mudos, gordos etc. A Barbie trouxe uma grande cartela de possibilidades, trazendo representatividade para muitas pessoas. Por isso nomeei esse grupo de pessoas como "progressistas", porque acreditam que a Barbie alavancou a sociedade em muitos aspectos e evoluiu junto com ela.
Porém, tanto naquela época como nos dias de hoje temos o segundo grupo de pessoas: os tradicionalistas. Estes acreditam que a Barbie não foi bem retratada no filme porque se apegaram na tradicional, a primeira Barbie. Aquela que não tinha um emprego e era estereotipada, ou seja, branca, magra, loira e dos olhos azuis. Uma imagem perfeita. Não é exatamente uma Barbie que representa a todos e essa é a graça nela, ela é inalcançável. A Barbie tradicional não condiz nem mesmo com a Barbie estereotipada, porque ela é o equilíbrio que falei anteriormente. Já a Barbie tradicional é o extremo da feminilidade, ou seja, a mais gentil, bonita e recatada possível.
Ela é a primeira imagem da Barbie que foi lançada porque a Mattel sabia que ela seria bem aceita na sociedade da época e isso abriu porta para muitas outras serem lançadas aos poucos e não serem radicalmente recusadas.
Porém, a pergunta que fica é: "Então o que a Barbie é?". Na minha opinião, a Barbie na visão dos progressistas é a mais correta e acho que os tradicionalistas só recusam a ideia porque não entendem que pode haver um equilíbrio entre ser feminina e feminista. Acho, na verdade, que o assunto do que é o feminismo ainda não foi esclarecido na sociedade atual e por isso temos uma discordância tão grande entre os grupos.
Apesar das opiniões, é um consenso que a Barbie é muito mais do que uma boneca, é uma inspiração e nos faz ansiar e sonhar com o futuro.